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O que aprendemos no ACC 24?



De 6 a 8 de abril de 2024, aconteceu, em Atlanta, um dos maiores congressos de Cardiologia do Mundo: o Congresso Americano de Cardiologia promovido pelo American College of Cardiology. Neste post, vamos trazer os principais resultados dos principais estudos apresentados no congresso. Veja abaixo:


DOENÇA CORONARIANA:


  • Empagliflozina pós-IAM em pacientes com risco de IC não reduziu morte por todas as causas e internações por IC (EMPACT-MI)


  • A infusão de apoliproteína A, visando aumento do HDL, em pacientes pós-IAM multivasculares e de alto risco, não reduziu a ocorrência de eventos CV e morte (AEGIS-II)


  • O uso de betabloqueadores pós-IAM em pacientes com fração de ejeção preservada não reduziu o risco de morte nem reinfarto (REDUCE-AMI)


  • Em pacientes com IAMCSST que evoluem para choque cardiogênico, o uso do Impella reduziu a mortalidade absoluta em 13% (NNT=8) comparado ao placebo às custas de maior sangramento, maior isquemia de membros, maior ocorrência de sepse e maior necessidade de diálise (DANGER SHOCK)


  • O uso de monoterapia com Ticagrelor após 1 mês de DAPT em pacientes pós-SCA reduziu a ocorrência de sangramento sem aumentar a ocorrência de eventos CV (ULTIMATE DAPT)


  • Em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca, o uso do ácido tranexâmico tópico (intrapericárdico) em comparação ao intravenoso, não foi capaz de reduzir o risco de convulsões e aumentou a taxa de transfusões (DEPOSITION)


  • O uso de um redutor de seio coronariano em pacientes com DAC estável sintomática, sem outras opções de tratamento, promoveu redução nos episódios de angina, porém sem melhorar a perfusão miocárdica em métodos de imagem (ORBITA-COSMIC)


  • Angioplastia “preventiva” em pacientes com placa vulnerável, porém sem isquemia (FFR > 0,8) reduziu em 89% a ocorrência de desfechos cardiovasculares em 2 anos (PREVENT)


  • Em pacientes com IAMCSST e DAC multivascular, a abordagem da lesão não culpada por FFR quando comparado ao tratamento da lesão culpada apenas não se associou à redução de morte ou IAM (FULL REVASC)



INSUFICIÊNCIA CARDÍACA / CARDIOMIOPATIAS:


  • Usar um dispositivo que provoca shunt interatrial em pacientes com IC sintomática com qualquer FE não foi capaz de reduzir mortalidade, sintomas nem nada...Mas pode ser que exista algum benefício em pacientes com ICFER (RELIEVE-HF)


  • Semaglutida na ICFEP com DM funciona igual na ICFEP sem DM: emagrece e os obesos melhoram sintomas! (STEP-HFPEF DM)


  • O uso de um inibidor da aldose redutase em pacientes com cardiomiopatia diabética estágio B, com redução da capacidade ao exercício e sem histórico de doença cardiovascular, não promoveu aumento do pico de VO2 (ARISE-HF)


  • O Ninerafaxstat, um inibidor da oxidação de ácidos graxos, que atua no metabolismo cardíaco, foi testado em estudo de fase 2 com doentes com CMH não-obstrutiva e promoveu aumento da capacidade funcional naqueles limitados funcionalmente (IMPROVE-HF)

  • O uso profilático de enalapril em pacientes usando altas doses de antraciclinas para o tratamento de CA de mama ou linfoma não foi capaz de reduzir a ocorrência de injúria miocárdica nem cardiotoxicidade (PROACT)




DISLIPIDEMIA:


  • O uso do Inclisiran, um inibidor da produção hepática da PCSK9, como estratégia inicial em pacientes com doença CV estabelecida e que não atingiram metas, promoveu redução sustentada nos níveis de LDL (VICTORION-INITIATE)


  • Olezarsen, mais um remédio com nome difícil, usado para redução de triglicerídeos, foi testado em pacientes com hipertrigliceridemia < 500mg/dL e alto risco CV, demonstrando boa eficácia na redução de TG e bom perfil de segurança. Próximo passo será estudar a droga visando redução de eventos CV. (BRIDGE-TIMI 73a)


  • Mais um nome difícil, Lerodalcibep, um inibidor da PCSK9 de 3º geração, cuja principal vantagem é um menor volume de injeção, foi testado em pacientes com risco alto e muito alto. A droga reduziu aproximadamente 60% dos níveis de LDL, com boa tolerabilidade e segurança (LIBERATE-HR)


  • Plozasiran (outro...), redutor de APOC3, que promove redução dos TG, promoveu redução de 40% dos níveis de TG em pacientes com TG > 500mg/dL, com bom perfil de segurança (SHASTA-2)



VALVOPATIAS:


  • Na estenose aórtica com valva “apertada” (anel aórtico pequeno), qual seria a melhor TAVI? Autoexpansível ou expansível em balão? Pensando em desfechos duros, ambas foram similares. Mas a TAVI autoexpansível foi melhor nos desfechos secundários: menor incidência de disfunção valvar, gradiente menor, orifício efetivo maior e menor incidência de mismatch. (SMART)


  • Em pacientes com estenose aórtica grave sintomática e idade superior a 65 anos, com risco cirúrgico baixo ou intermediário, a TAVI ocasionou menos morte e AVC, assim como menos FA, menos sangramento grave no seguimento de 1 ano. (DEDICATE-DZHK6)


PREVENÇÃO CARDIOVASCULAR:


  • O aparelho de avanço mandibular foi não-inferior ao CPAP na redução da PA de 24h, na melhora da sonolência diurna e melhor tolerado que o CPAP (CRESCENT)


  • Para estimular atividade física vale tudo! Gameficação e/ou dinheiro aumentou a frequência de atividade física em relação aos controles. (BE-ACTIVE) 


  • O uso do EDTA, quelante de chumbo e cádmio, em pacientes pós-IAM e diabéticos não demonstrou benefício na redução de eventos CV (TACT-2)




HIPERTENSÃO ARTERIAL:


  • Zilebesirana, uma medicação subcutânea, administrada de 6/6 meses, que inibe a síntese hepática de angiotensinogênio, promoveu redução sustentada nos niveis pressóricos obtidos na MAPA e na PA de consultório quando adicionada ao tratamento com tiazídico, BCC ou BRA (KARDIA-2)


  • Denervação renal mediada por álcool em hipertensos não controlados usando 2-5 anti-hipertensivos promoveu redução discreta da PA (redução média de 3mmHg na PAS 24h) após 3 meses de seguimento (TARGET-BP)


 

Gostou de saber as novidades do último ACC? Quer saber os detalhes desses estudos? Assista nossa live "O Filé do ACC 24" onde iremos trazer o melhor de cada um desses estudos e como estes achados vão modificar nossa prática clínica no futuro. A live será no dia 09/04 às 20:30h. O link está abaixo:



Sobre o autor:


Bruno Ferraz de Oliveira Gomes

  • Formado em Medicina pela UFRJ em 2007

  • Título de Especialista em Cardiologia, Medicina Intensiva e Ecocardiografia

  • Mestre em Engenharia Biomédica - COPPE UFRJ

  • Doutor em Cardiologia - UFRJ

  • Fellow da Sociedade Europeia de Cardiologia - FESC

  • Fundador e Editor-Chefe - Questões em Cardiologia

  • Médico do Serviço de Cardiologia - HUCFF-UFRJ

  • Vice-presidente do Departamento de Doença Coronariana - SOCERJ

  • Vice-presidente do Grupo de Estudos de Coronariopatias e Terapia Intensiva - SBC

  • Revisor de periódicos - ABC Cardiol, IJCS, Global Heart e ESC Heart Failure

  • Um dos autores da diretriz de Síndrome Coronariana sem Supra de ST da SBC 2021 



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