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Atleta assintomático traz ECG para consulta: o que fazer?


Paciente de 22 anos, atleta de futebol, assintomático, apresenta o eletrocardiograma seguinte em consulta médica. Assinale a alternativa falsa.


A) Alterações inespecíficas de repolarização ventricular

B) Pré Excitação - Síndrome de Wolff Parkinson White (WPW)

C) Deve ser encaminhado para especialista.

D) Deve ser afastado das atividades desportivas.

E) Risco de morte súbita

 

RESPOSTA:

A prevalência de pré-excitação ventricular na população geral varia de 0,1 a 0,3% e é semelhante nos atletas. A maioria dos indivíduos com síndrome de pré-excitação permanece assintomática ao longo da vida. Quando os sintomas ocorrem, eles são geralmente secundários a taquicardia supraventricular. Os pacientes com WPW, também podem desenvolver outras arritmias que poderiam degenerar em fibrilação ventricular e morte súbita (MS), como resultado da rápida condução sobre uma via acessória AV com um período refratário curto-anterógrado. Estima-se que um terço dos pacientes com síndrome WPW pode desenvolver fibrilação atrial. Foi relatado que o exercício está associado a um risco aumentado de desenvolver fibrilação ventricular. Além disso, os atletas podem ter um risco aumentado de FA mesmo depois de terem cessado a competição esportiva de alto nível. Portanto, a atividade esportiva pode expor um atleta com pré-excitação ventricular a um risco aumentado de MS.

A história deve abordar a presença de sintomas (palpitações ou síncope) e antecedentes familiares de pré-excitação, cardiomiopatias, ou morte súbita. Holter de 24 horas, teste

ergométrico e testes farmacológicos com adenosina / verapamil podem auxiliar no diagnóstico definitivo e na avaliação do risco de morte súbita. Perda intermitente ou desaparecimento súbito do padrão de WPW durante o exercício, sugere um período refratário anterógrado longo da via acessória para explicar a resposta ventricular lenta durante a fibrilação atrial e, portanto, baixo risco de morte súbita. Se houver suspeita de pré-excitação latente, as características típicas do ECG do WPW podem ser desmascaradas por simples intervenções de cabeceira, como manobras vagais e adenosina ou verapamil intravenosos, visando retardar ou bloquear a condução sobre o nodo AV. Os atletas com diagnóstico de pré-excitação ventricular devem ser encaminhados para avaliação com estudo eletrofisiológico. A taquicardia reentrante e a refratariedade da via acessória podem influenciar a elegibilidade para competição atlética, estratificação de risco e terapia, incluindo a ablação por cateter. Outras investigações devem incluir a ecocardiografia para descartar uma doença cardíaca estrutural associada. REF: European Heart Journal (2010) 31, 243–259 doi:10.1093/eurheartj/ehp473.

Portanto, a resposta incorreta é a letra A: Alterações inespecíficas de repolarização

ventricular



ANDREA MELO LEITE

Titulo de especialista em Cardiologia e Ecocardiografia

Plantonista da Unidade Cardiointensiva do Hospital Barra D'Or

www.andreamelocardiologia.com.br

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