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Exames complementares na insuficiência cardíaca aguda


Com relação aos exames complementares solicitados no caso de insuficiência cardíaca aguda (ICA), podemos afirmar, EXCETO:

A) O eletrocardiograma (ECG) pode trazer informações quanto à etiologia ou fator de descompensação da IC. Um ECG normal ocorre na maioria dos casos.

B) A radiografia de tórax deve sempre ser solicitada. Ajuda no diagnóstico diferencial entre causas torácicas e pulmonares da dispnéia além de auxiliar na avaliação da congestão.

C) Hemograma deve sempre ser solicitado. Anemia é fator de pior prognóstico.

D) A troponina pode estar elevada mesmo na ausência de síndrome coronariana aguda.

E) O BNP possui bom valor preditivo negativo para exclusão do diagnóstico de ICA.

 

RESPOSTA:

Os exames complementares são importantes tanto no diagnóstico da descompensação assim como na avaliação do prognóstico. Os exames abaixo são fundamentais:

1. Eletrocardiograma: Fundamental na avaliação inicial do paciente com IC, pois pode fornecer informações quanto à etiologia da IC ou ao fator de descompensação. Um eletrocardiograma (ECG) normal na IC é incomum.

2. Radiografia de tórax: Auxilia no diagnóstico diferencial entre causas torácicas e pulmonares da dispnéia, além de permitir avaliação da congestão pulmonar. Deve ser solicitada sempre em pacientes com suspeita de IC aguda.

3. Gasometria arterial: Recomendada em pacientes com baixo débito ou desconforto respiratório. Além de avaliar o equilíbrio ácido-basico e a oxigenação, fornece informações quanto à perfusão tecidual. Acidose e hiperlactatemia são fatores de mau prognóstico.

4. Hemograma: Traz informações importantes a cerca de presença de anemia (fator de descompensação e prognóstico na IC) e a presença de leucocitose que pode indicar um processo infeccioso como causador da descompensação.

5. Bioquímica: A dosagem de eletrólitos e função renal é fundamental na avaliação inicial. A hiponatremia é comum em pacientes com IC e tem valor prognóstico. Piora da função renal está relacionada à perfusão renal prejudicada pelo baixo débito cardíaco. Deve ser monitorada durante todo curso da internação pela possibilidade de evoluir com síndrome cárdio-renal.

6. Troponina: Tem valor prognóstico na IC. Valores persistentemente elevados, na ausência de IAM, estão associados à maior mortalidade. Deve ser solicitada em toda admissão por IC aguda para exclusão ou confirmação de síndrome coronariana aguda (SCA).

7. Peptídeos natriuréticos: Além de apresentar valor prognóstico, possuem bom valor preditivo negativo para exclusão do diagnóstico de IC. Valores menores que 100pg/ml tornam improvável o diagnóstico. Valores elevados à admissão estão associados à pior evolução hospitalar. A dosagem no momento da alta traz informações prognósticas importantes assim como a queda absoluta do BNP durante a internação. Contudo, ainda não existem recomendações para sua utilização como alvo de tratamento.

8. Ecocardiograma: Está indicado na avaliação inicial em todos pacientes com sinais e sintomas sugestivos de IC. Traz informações sobre a função ventricular (sistólica e diastólica), diâmetros cavitários, motilidade das paredes e função valvar. O exame deverá ser repetido em situações de mudança súbita do quadro clínico ou na reavaliação da função ventricular após terapia específica.

9. Outros exames: Outros exames podem ser necessários para o diagnóstico diferencial ou para a busca da etiologia da IC. A ressonância magnética cardíaca é o exame padrão-ouro na avaliação de volumes, massas e movimento parietal. É extremamente útil na investigação etiológica da IC. A cineangiocoronariografia pode ser necessária nos pacientes com fatores de risco para doença coronariana ou nos pacientes sem diagnóstico etiológico. Provas de função pulmonar podem ser necessárias na exclusão de pneumopatias.

Portanto, a resposta incorreta é o item A: O eletrocardiograma (ECG) pode trazer informações quanto à etiologia ou fator de descompensação da IC. Um ECG normal ocorre na maioria dos casos.


Postado por:


BRUNO FERRAZ DE OLIVEIRA GOMES

Médico rotina do Unidade Cardiointensiva do Hospital Barra D'Or

Ecocardiografista do Hospital Barra D'Or

Diretor Administrativo do Departamento de Doença Coronária da SOCERJ

Intensivista no Hospital Federal Cardoso Fontes

Mestrando em Engenharia Biomédica na COPPE/UFRJ

Título de especialista em cardiologia e terapia intensiva

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