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Insuficiência mitral: aguda x crônica


No diagnóstico diferencial de insuficiência mitral (IM) grave aguda ou crônica, é correto afirmar:

A) A IM aguda geralmente origina sopro holossistólico de alta intensidade

B) IM crônica normalmente apresenta-se com cavidades esquerdas de diâmetros normais.

C) Após tratamento da síndrome coronariana aguda, a IM de etiologia isquêmica não tende a melhorar

D) IM aguda grave geralmente tem ausculta pulmonar normal.

E) IM crônica geralmente revela ictus aumentado e deslocado lateralmente, sopro sistólico mais intenso no ápice e com desdobramento de B2.

Resposta:

A insuficiência mitral (IM) geralmente se apresenta de 3 formas: IM aguda, IM crônica compensada e IM crônica descompensada. No caso da IM aguda, há uma sobrecarga volumétrica do átrio esquerdo, resultando em aumento das pressões de enchimento além de elevada pressão atrial gerando edema agudo de pulmão. Caso o paciente tolere essa fase, inicia-se a fase crônica compensada, onde ocorre hipertrofia ventricular excêntrica. O aumento da pré-carga e a hipertrofia aumenta o volume diastólico final do VE, que levará à disfunção miocárdica. Geralmente a sobrecarga volumétrica é bem tolerada por anos antes dos sintomas retornarem. O crescimento atrial secundário à sobrecarga atrial aumenta o risco de fibrilação atrial nesses doentes. As causas mais comuns de IM aguda são ruptura de cordoalha, endocardite com destruição valvar, isquemia ou rotura de músculo papilar ou prótese valvar disfuncionante. Nesses casos, como há um gradiente reverso (VE para AE) que vai diminuindo durante a sístole, o sopro não será holossistólico e será decrescente terminando antes da B2. Geralmente é mais baixo e mais suave que um sopro de IM crônica (holossistólico, rude, mais audível em ápice e abafa a B2). O aumento da pressão pulmonar e a sobrecarga direita pode tornar mais audível o componente P2 da segunda bulha além de gerar B4 de VD. A IM aguda normalmente não leva à aumento das cavidades cardíacas, diferentemente da IM crônica. Na síndrome coronariana aguda, a IM é relacionada à tração dos folhetos por disfunção do músculo papilar. Quando há isquemia, o tratamento da SCA melhora a IM em longo prazo. No entanto, em doentes com IAM consolidado, a IM tende a persistir e é marcador de pior prognóstico nesses pacientes.

Portanto, a resposta é a letra E.


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