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Atualização ACLS 2018: foco nos antiarrítmicos!


Paciente evolui para PCR em FV. No atendimento ao paciente em FV/TV, podemos afirmar, EXCETO:

A) Na FV/TV refratárias à desfibrilação, a amiodarona é a droga de escolha.

B) O magnésio não deve ser usado rotineiramente, exceto em casos de Torsades des Pointes

C) Após retorno da circulação espontânea, o uso de lidocaína não aumenta sobrevida mas reduziu recorrência da arritmia.

D) Os betabloqueadores não estão indicados rotineiramente após retorno da circulação espontânea.

 

RESPOSTA:

Em dezembro de 2018, foi publicada uma atualização do ACLS com foco no uso dos antiarritmicos durante e após a PCR em FV/TV.

Classicamente, na TV/FV refratárias à desfibrilação, utilizávamos a amiodarona como antiarrítmico principal. Após essa atualização, não há mais um antiarrítmico de escolha. Podemos utilizar inicialmente tanto a amiodarona como a lidocaína. Essa recomendação é embasada em alguns estudos, especialmente o estudo ROC-ALPS que utilizou tanto a amiodarona como a lidocaína versus placebo em pacientes em FV/TV ocorridas fora do hospital. Neste estudo, não foi observado diferença entre essas duas drogas no retorno à circulação espontânea, porém com benefício sobre o placebo. O benefício dessas drogas foi maior nos casos de PCR presenciados.

O uso do magnésio de rotina não é recomendado nesses pacientes. O único doente que pode ter algum benefício com o magnésio é o paciente com Torsades des Pointes. Apesar da evidência ser bastante fraca (Classe IIb, nível de evidência C), o magnésio pode ser utilizado no caso de Torsades des Pointes.

Após o retorno à circulação espontânea, devemos manter o antiarrítmico em infusão contínua? Não se sabe ao certo! Não há benefício comprovado em sobrevida mas parece ter um benefício em evitar recorrência da arritmia. Apenas duas drogas foram estudadas nesse contexto: beta-bloqueadores e lidocaína.

Quanto aos betabloqueadores, existem estudos pequenos com o uso de metoprolol e bisoprolol após retorno da circulação espontânea com benefícios em redução de mortalidade em longo prazo. No entanto, é um pouco arrojado considerar uma droga que pode causar ou piorar a hemodinâmica de nosso paciente. Dessa forma, segue contraindicado o uso rotineiro precoce dos betabloqueadores após PCR (na primeira hora).

Quanto à lidocaína, há um estudo observacional que não demonstrou aumento da sobrevivência com o uso de lidocaína após FV/TV, mas houve redução da recorrência da arritmia. Dessa forma, a evidência é muito fraca, mas pode ser considerada em situações especiais (durante o transporte do doente para o hospital por exemplo). A amiodarona não foi estudada nesse contexto.

Portanto, a resposta incorreta é o item A, já que a amiodarona não é mais a droga de escolha. Podemos utilizar tanto a amiodarona como a lidocaína.


Comentário por:


BRUNO FERRAZ DE OLIVEIRA GOMES

Médico rotina do Unidade Cardiointensiva do Hospital Barra D'Or

Ecocardiografista do Hospital Barra D'Or

Professor Substituto em Cardiologia - UFRJ

Diretor Científico do Departamento de Doença Coronária da SOCERJ

Intensivista no Hospital Federal Cardoso Fontes

Mestrando em Engenharia Biomédica na COPPE/UFRJ

Título de especialista em cardiologia, terapia intensiva e ecocardiografia

Referências:

1. 2018 American Heart Association Focused Update on Advanced Cardiovascular Life Support Use of Antiarrhythmic Drugs During and Immediately After Cardiac Arrest.. Circulation. 2018;138:e740–e749. DOI:


10.1161/CIR.0000000000000613

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