Mais uma atualização do ACLS foi publicada e viemos trazer todas as novidades deste documento mastigadinho para vocês. No vídeo abaixo, você poderá acessar esse resumo:
Suporte Básico de Vida (BLS)
Superfície ideal para realização de reanimação cardiopulmonar (RCP)
Recomendações para compressões torácicas em diferentes superfícies
Compressões torácicas em superfície firme:
Sugere-se realizar compressões torácicas em uma superfície firme quando isso for viável e não atrasar significativamente o início das compressões.
Ativação do modo de RCP para aumentar a rigidez do colchão
Em casos de parada cardíaca intra-hospitalar, recomenda-se ativar o modo de RCP para aumentar a rigidez do colchão, se essa função estiver disponível.
Uso de pranchas rígidas (backboards)
Para equipes de saúde que já utilizam pranchas rígidas durante a reanimação, as evidências foram consideradas insuficientes para recomendar contra o uso contínuo.
Introdução de pranchas rígidas em sistemas que não as utilizam
Para sistemas de saúde que ainda não introduziram pranchas rígidas, a melhoria limitada na profundidade das compressões e a incerteza sobre possíveis danos não justificam os custos de compra e treinamento para o uso das pranchas.
Feedback sobre a qualidade da RCP
Recomendações para o Uso de Feedback Audiovisual em Tempo Real na RCP
Uso de feedback audiovisual em tempo real como parte de um programa de melhoria de qualidade
Sugere-se o uso de dispositivos de feedback audiovisual em tempo real e dispositivos de orientação durante a RCP na prática clínica. Isso deve fazer parte de um programa abrangente de melhoria de qualidade para parada cardíaca, com o objetivo de garantir uma RCP de alta qualidade e cuidados eficazes em todo o sistema de ressuscitação.
Uso isolado de feedback audiovisual em tempo real
Sugere-se não utilizar dispositivos de feedback audiovisual em tempo real de forma isolada, ou seja, fora de um programa abrangente de melhoria de qualidade.
Suporte Avançado de Vida (ACLS)
Oxigenação e ventilação pós-parada cardíaca
Recomendações para Manejo de Oxigênio em Pacientes com ROSC
Uso de 100% de oxigênio inspirado inicialmente
Recomenda-se o uso de 100% de oxigênio inspirado até que a saturação de oxigênio arterial ou a pressão parcial de oxigênio arterial possam ser medidas de forma confiável em adultos com ROSC:
Evitar hipóxia
Recomenda-se evitar hipóxia em adultos com ROSC após parada cardíaca em qualquer ambiente.
Evitar hiperóxia
Sugere-se evitar hiperóxia em adultos com ROSC após parada cardíaca em qualquer ambiente.
Alvo de saturação de oxigênio após medição confiável
Após a medição confiável dos valores de oxigênio arterial, sugere-se direcionar a saturação de oxigênio para um intervalo de 94% a 98% ou uma pressão parcial de oxigênio arterial de 75 a 100 mm Hg.
Precauções ao usar oximetria de pulso em pacientes com pele negra
Profissionais de saúde devem estar cientes do risco aumentado de incertezas na oximetria de pulso, que pode ocultar a hipóxia (baixa saturação de oxigênio) em pacientes com pele negra.
Metas de dióxido de carbono (CO₂)
Sugere-se direcionar para a normocapnia, definida como uma pressão parcial de dióxido de carbono entre 35–45 mm Hg (aproximadamente 4,7–6,0 kPa), em adultos com ROSC após parada cardíaca.
Hemodinâmica pós-parada cardíaca
Meta de Pressão Arterial Após Parada Cardíaca
Não há evidência científica suficiente para recomendar uma meta específica de pressão arterial em pacientes após parada cardíaca.
Sugestão de pressão arterial média (PAM)
Sugere-se manter uma pressão arterial média de pelo menos 60 a 65 mm Hg em pacientes pós-ROSC
Controle de temperatura pós-parada cardíaca
Prevenção de Febre
Prevenção ativa da febre, mantendo a temperatura ≤37,5 °C em pacientes que permanecem em coma após o ROSC (retorno da circulação espontânea) após parada cardíaca.
Benefício da Hipotermia
Não está claro se subpopulações de pacientes com parada cardíaca podem se beneficiar ao direcionar a hipotermia para 32 °C a 34 °C.
Normotermia em Pacientes Comatosos
Pacientes comatosos com hipotermia leve após o ROSC não devem ser aquecidos ativamente para alcançar normotermia
Resfriamento Pré-hospitalar
Recomendação contra o uso rotineiro de resfriamento pré-hospitalar com infusão rápida de grandes volumes de fluido intravenoso frio imediatamente após o ROSC.
Técnicas de Controle de Temperatura
Sugestão de técnicas de controle de temperatura superficial ou endovascular quando o controle de temperatura é usado em pacientes comatosos após o ROSC.
Dispositivos de Controle de Temperatura
Quando um dispositivo de resfriamento é utilizado, sugere-se o uso de um dispositivo de controle de temperatura que inclua um sistema de feedback com base em monitoramento contínuo da temperatura para manter a temperatura alvo.
Profilaxia e manejo de convulsões pós-parada cardíaca
Uso de Medicamentos Anticonvulsivantes Profiláticos
Não utilizar medicamentos anticonvulsivantes profiláticos em adultos pós-parada cardíaca
Tratamento de Convulsões Clinicamente Evidentes
Tratar convulsões clinicamente aparentes e eletrográficas (EEG) em adultos pós-parada cardíaca
Tratamento de Padrões Rítmicos e Periódicos no EEG
Sugere=se o tratamento de padrões rítmicos e periódicos no EEG que estão no contínuo ictal-interictal em adultos comatosos pós-parada cardíaca
Parada cardíaca durante a gravidez
Cesárea Perimortem em Gestantes em Parada Cardíaca
Sugere-se a realização de cesárea perimortem para a retirada do feto em mulheres em parada cardíaca na segunda metade da gravidez
Intervalo de Tempo para Início da Cesárea
Não há evidência suficiente para definir um intervalo de tempo específico para o início da cesárea.
Cuidados de Ressuscitação de Alta Qualidade
Cuidados de ressuscitação de alta qualidade e intervenções terapêuticas que visam as causas mais prováveis da parada cardíaca permanecem importantes nesta população.
Tilt Lateral Esquerdo ou Deslocamento Uterino durante a RCP
Não há evidência suficiente para fazer uma recomendação sobre o uso de tilt lateral esquerdo ou deslocamento uterino durante a RCP em pacientes grávidas.
Uso do ECMO como Terapia de Resgate
O ECMO pode ser considerado como terapia de resgate para pacientes selecionados em parada cardíaca durante a gravidez ou no período pós-parto quando a RCP convencional falha e em locais onde pode ser implementado
Acesso à via aérea cirúrgica
Acesso às Vias Aéreas Frontais em Caso de Falha das Técnicas Padrão
Em adultos em parada cardíaca, quando as estratégias padrão de manejo das vias aéreas (por exemplo, via orofaríngea e bolsa-máscara, via supraglótica ou tubo traqueal) falharam, é razoável que socorristas devidamente treinados tentem acesso às vias aéreas frontais usando a técnica de cricotireoidotomia.
Referências:
2024 International Consensus on Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care Science With Treatment Recommendations: Summary From the Basic Life Support; Advanced Life Support; Pediatric Life Support; Neonatal Life Support; Education, Implementation, and Teams; and First Aid Task Forces. Circulation. 2024;150:e00–e00. DOI: 10.1161/CIR.0000000000001288
Link: https://www.ahajournals.org/doi/full/10.1161/CIR.0000000000001288
Comentário escrito por:
Bruno Ferraz de Oliveira Gomes
Formado em Medicina pela UFRJ em 2007
Título de Especialista em Cardiologia, Medicina Intensiva e Ecocardiografia
Mestre em Engenharia Biomédica - COPPE UFRJ
Doutor em Cardiologia - UFRJ
Fellow da Sociedade Europeia de Cardiologia - FESC
Fundador e Editor-Chefe - Questões em Cardiologia
Médico do Serviço de Cardiologia - HUCFF-UFRJ
Vice-presidente do Departamento de Doença Coronariana - SOCERJ
Vice-presidente do Grupo de Estudos de Coronariopatias e Terapia Intensiva - SBC
Revisor de periódicos - ABC Cardiol, IJCS, Global Heart e ESC Heart Failure
Um dos autores da diretriz de Síndrome Coronariana sem Supra de ST da SBC 2021
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